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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

sábado, 30 de junho de 2007

NUM DIA ASSIM QUEM DIRIA O IMPACTO QUE TEVE NÃO TER BARBA NEM JUÍZO

Sábado, trinta de Junho de mil novecentos e setenta e três, meio-dia e meia hora. Um dia soalheiro e colorido, promissor de horizontes sem névoa, se para as perspectivas a determinar já houvesse consolidados pontos de fuga, que não havia. Cheirava-se no ar, embora de maneira muito ténue, o Abril que só no ano seguinte viria a desabrochar.
Ele, meio imberbe, apenas uma quase criança de pele morena e olhos malandros, disse que sim. E ela, de idade igual mas mais velha, ainda crente em milagres, também anuiu.
Já lá vão trinta e quatro anos e era sábado, como hoje. E ele era eu.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

ENTRE O CALENDÁRIO JÁ QUASE DESPIDO DE PÁGINAS E A NUA VERTIGEM DA AMPULHETA

A contagem decrescente cá vai prosseguindo. E já não me acode aos neurónios se a unidade em uso ainda é a década, ou se já terá dado a vez ao lustro, tendo em atenção a ordem natural da queda dos graves a caminho do centro da Terra. Daqui a não muito tempo, nunca mais que o necessário, a unidade usada na contagem há-de ser ser o ano, e uns tantos anos depois será suficiente o mês, e sempre em sequência lógica usar-se-á a semana, o dia, a hora, o minuto, o segundo.
E assim sendo, que se foda.

sábado, 9 de junho de 2007

PORQUE O CHEIRO DOS CRISÂNTEMOS ME DÁ VONTADE DE MIJAR PELOS OLHOS

Ao devir a hora certa (que eu não confessarei a ninguém, nem sequer a mim mesmo), é meu derradeiro projecto, em vida, desaparecer sem rasto, de repente. Poupando-me ao desvario das despedidas ranhosas, apenas e só zarpar do cais, nem mais, em direcção aos antípodas, ou mais longe ainda, se possível. E depois, uma vez lá chegado a não sei onde, tratar de me livrar de quanto me identifique a origem, desde os documentos e demais papéis à roupa e calçado, para que na voragem de ruas sem tempo eu me finja esquecido de quem seja, de onde venha e para onde vá, protegido pela fardamenta do anonimato de qualquer vagabundo em terra estranha, entre estranha gente. E quando alguém me descobrir, sem asas, no fosso vertiginoso de algum precipício, ou a contemplar-me no polimento impoluto de carris onde um comboio acabe de passar, ou engalanado por algas e limos num fundo de lago paradisíaco, nunca saberá quem sou, de onde vim, para onde iria.
Só assim garantirei, a título póstumo, a minha não presença por cá na comédia em que, embora inerte e sem voz, seria protagonista.