AINDA ESTE GOZO DE BRINCAR AOS POLÍCIAS E LADRÕES COM FISGAS DE TEMPO A SÉRIO
Tem estado um frio de tal ordem, que até os pensamentos se coíbem de vir à tona do intelecto. O instinto basta, contudo. Ou tem bastado, no mínimo, fingindo-se atento à acentuação do declínio, como se lhe pudesse assistir alguma circunstância em que a genuinidade da ideia nele encontrasse sucedâneo autorizado. E assim se faz apresentar em palco a farsa da vida: chamando instinto a esta espécie de lodo que a boca experimenta, quando se pretenda justificar, ou disfarçar, a falta de entendimento em relação ao próprio vácuo mental. É como exigir à sola dos pés suficiência de robustez ao calcar espinhos, e na mesma topada acusá-la da estultícia de ter dispensado os sapatos.
A geada — neve dos pelintras?— tem atacado. E é vê-la, ao nascer do sol, esborrifada nas ervas, que os cães persistem em mordiscar como purgante, e a enregelar a água dos olhos, só de a ver. Como será tê-la por companheira de cama, seja a dita cama um banco de jardim sem polícias perto, um relvado municipal num qualquer parque, o portal de algum prédio sobre cartões e jornais relidos, uma gare ferroviária sem cuidado a ter com malas nem bilhete no orçamento previsto, um carro estampado e condenado à rataria entre lixo urbano e cagadelas de pomba a escorrer pelos vidros? O melhor é não deixar que o sol se deite, nem cedo nem tarde de mais, e ir ganhando balanço para que a subida final não custe tanto. E não pensar em cenários tétricos, como essa caturrice da geada a ser parceira de cama, se até na penugem de maior recato dá para sentir arrepios. Ainda.
A geada — neve dos pelintras?— tem atacado. E é vê-la, ao nascer do sol, esborrifada nas ervas, que os cães persistem em mordiscar como purgante, e a enregelar a água dos olhos, só de a ver. Como será tê-la por companheira de cama, seja a dita cama um banco de jardim sem polícias perto, um relvado municipal num qualquer parque, o portal de algum prédio sobre cartões e jornais relidos, uma gare ferroviária sem cuidado a ter com malas nem bilhete no orçamento previsto, um carro estampado e condenado à rataria entre lixo urbano e cagadelas de pomba a escorrer pelos vidros? O melhor é não deixar que o sol se deite, nem cedo nem tarde de mais, e ir ganhando balanço para que a subida final não custe tanto. E não pensar em cenários tétricos, como essa caturrice da geada a ser parceira de cama, se até na penugem de maior recato dá para sentir arrepios. Ainda.