DO ANIMAL DE HÁBITOS À HABITUAÇÃO DE OS NÃO TER À VISTA
É meu hábito, desde que me reconheço a fisionomia vista ao espelho por quem em mim o contemple, espreitar a nudez da noite a partir de uma janela às escuras. Que a única luz consentida seja a da rua. Ou a das estrelas. Ou mesmo a do sol, quando a noite em exposição surgir de dia e como assim, também nua, se me impuser.
Quantas vezes, porém, não fujo eu de tal improviso de púlpito, se me sinto mais observado que observador? É que os vidros da janela, com a escuridão como fundo, tornam-se espelhos perfeitos e dão-me a ver, até às funduras do âmago, tudo o que os meus olhos não vêem senão às avessas de mim ou em silhueta de macabra indefinição.
Quantas vezes, porém, não fujo eu de tal improviso de púlpito, se me sinto mais observado que observador? É que os vidros da janela, com a escuridão como fundo, tornam-se espelhos perfeitos e dão-me a ver, até às funduras do âmago, tudo o que os meus olhos não vêem senão às avessas de mim ou em silhueta de macabra indefinição.