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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

GUIÃES, ENTRE A CIDADE E AS SERRAS QUE O EÇA CALCORREOU (IX)

Gosto de lá ir, de quando em quando. Ali estão todos, lado a lado, sem problemas de ter este ou aquele parceiro à ilharga, ainda que antes da presente aproximação nem tivesse sido muito sadio o relacionamento entre as partes. Justos ou injustos, injustiçados ou não porque em seu devido tempo, muitos velhos muito velhos, outros não tão velhos mas também já lá bem representados, e até donzéis e crianças. Todos eles, neste entretanto, com a mesmíssima idade.
Em paz suprema se irmanam ódios mais antigos que a antiguidade do mármore verdilhento pelo musgo, paixões pungidas ou emurchecidas antes do grito carnal, invejas e brios amachucados por inconvicção na réplica, sensacionais e menos sensacionais paradigmas de estoicismo consoante a directriz aproveitada, monstruosidades impunes e gestos de amor repelidos por falta de olhos de ver. Tudo por ali se imagina e acrescenta, ou se reduz e revivifica. E que ninguém se atreva a pôr em causa a infalibilidade de que um dia, remoto ou próximo, lá virá a cair e a transformar-se, com semelhante primor, em tema de zombaria ou de elevação aos astros. Nem a imaginação o logrará evitar.
Previstos para dar sombra na vereda até ao portão de entrada (que de saída é que ele nunca será), como imprescindíveis deponentes citados em julgamento a subentender no calendário, eis os crónicos ciprestes, erectos, majestáticos sem trono nem coroa ou ceptro de ouro a impor genuflexões e correlatas concupiscências a seus súbditos. Haverá por aí algum cemitério que os não tenha?
Gosto de ir até lá, de quando em quando. Pelo meu pé.