http://photos1.blogger.com/blogger/4837/2733/1600/moi4.jpg

umbilicativo

A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

segunda-feira, 12 de março de 2007

INSTANTÂNEO EM REVISÃO SESSENTA ANOS APÓS TEMPO NENHUM

Os tempos eram bem outros naquele tempo. Grassava a miséria como febrão que não convenha, para já, erradicar de todo, não o rebanho tresmalhar-se por se saber com direito a um pasto igual ao dos donos, a cruz e o coldre. Veludo e sedas significavam utopia para quem chita envergasse, e andar descalço seria bênção por se ter pés para andar, já que a sola dos pés nunca se gasta. Dura uma vida inteirinha. E pairava o cristão arbítrio avejão rapace com bico e garras de metro de que fazer filhos, muitos filhos, enquanto entranhas houvesse onde mitigar o frio da noite folhelho adentro, valia muito mais que usufruir da maior das fortunas desde o ovo ao decúbito entre flores e lamparinas.

A cena aqui em pose é comezinha: um casal operário, ainda moço, já com dois filhotes e meio, no areal de uma Nazaré pescadora e pouco mais, a permitir-se a raridade de alguns miligramas de sol dominical, que ir à água só de cuecas ou todo nu e à noitinha.
E eu, nem que fosse só pelos túbaros, já por ali andaria. Eu era o meio filhote aí atrás acrescentado aos primeiros dois da horda que aos sete veio a chegar. E quão mais bonito teria sido se aqueles dois primeiros cachopos fossem em simultâneo os dois últimos.