GUIÃES, ENTRE A CIDADE E AS SERRAS QUE O EÇA CALCORREOU (VI)
Outono é tempo de queda. Inexorável. E tudo cumpre o prescrito, não se sabe por quem, acorrendo à chamada proveniente das profundezas terrenas, e cai de qualquer maneira, sem pressa a mais nem detença a fingir ser por acaso o cumprimento da pena. Não apenas as folhas das árvores, ou algumas pétalas de flores tardias, ou até frutos a aliviar as ramadas com desmesura de produção, ou as tormentas temporãs sob a regência de quantas chuvas não vieram quando tão úteis seriam, ou os preços sob a máscara dos saldos, para que a ladroeira comerciante, que já os gregos equiparavam aos ladrões oficiais arrolados em tabela própria (de pilha-galinhas a banqueiros), não ganhe tanto mas ganhe e ainda se ponha a ganir de mão estendida à comiseração governante, esta sim, paradigma de ladroagem maior autenticada (quem nos dera que também não demore demasiado tempo a cair no charco da muita merda obrada entretanto).
As vinhas, ainda agora acabadas de parir, despem-se e lá se aprontam para de novo emprenhar, continuando o ciclo de que há notícia desde os caboucos bíblicos de maior longevidade. Nas cores predominantes, o vermelhão, que superara os verdes e os ocres, perde a graça e cede a passagem aos pigmentos terrosos, base de tudo. E a cor de cinza, pela mão das nuvens, altas e baixas, desde há muito prevalece onde o azul celeste de estival temperança já nem pelas saudades é lembrado. É de tormentosas tonalidades todo o espaço cósmico vislumbrável ao nível do chão, como se a vida se tivesse a si mesma escorraçado de cima do palco onde persista em representar-se.
Frio e chuva ao mesmo tempo, cá pelas zonas mais rasteiras, significa neve na serra. Pois que caia e pinte de branco a lonjura a que os olhos se sujeitem, se impotentes na contenda com o que de perto não vejam nem se melindrem por isso. Da linha do horizonte pouco importará a cor, mas antes branca que negra.
As vinhas, ainda agora acabadas de parir, despem-se e lá se aprontam para de novo emprenhar, continuando o ciclo de que há notícia desde os caboucos bíblicos de maior longevidade. Nas cores predominantes, o vermelhão, que superara os verdes e os ocres, perde a graça e cede a passagem aos pigmentos terrosos, base de tudo. E a cor de cinza, pela mão das nuvens, altas e baixas, desde há muito prevalece onde o azul celeste de estival temperança já nem pelas saudades é lembrado. É de tormentosas tonalidades todo o espaço cósmico vislumbrável ao nível do chão, como se a vida se tivesse a si mesma escorraçado de cima do palco onde persista em representar-se.
Frio e chuva ao mesmo tempo, cá pelas zonas mais rasteiras, significa neve na serra. Pois que caia e pinte de branco a lonjura a que os olhos se sujeitem, se impotentes na contenda com o que de perto não vejam nem se melindrem por isso. Da linha do horizonte pouco importará a cor, mas antes branca que negra.
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