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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

DO ANIMAL DE HÁBITOS À HABITUAÇÃO DE OS NÃO TER À VISTA

É meu hábito, desde que me reconheço a fisionomia vista ao espelho por quem em mim o contemple, espreitar a nudez da noite a partir de uma janela às escuras. Que a única luz consentida seja a da rua. Ou a das estrelas. Ou mesmo a do sol, quando a noite em exposição surgir de dia e como assim, também nua, se me impuser.
Quantas vezes, porém, não fujo eu de tal improviso de púlpito, se me sinto mais observado que observador? É que os vidros da janela, com a escuridão como fundo, tornam-se espelhos perfeitos e dão-me a ver, até às funduras do âmago, tudo o que os meus olhos não vêem senão às avessas de mim ou em silhueta de macabra indefinição.