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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

"ENSAIO DE MORTE EM VIDA PARA EFEITOS DE LOGÍSTICA"

"ENSAIO DE MORTE EM VIDA PARA EFEITOS DE LOGÍSTICA"
Abrunheiro-Coimbra/1994
óleo s/ tela - 60 x 100 cm (colecção do pintor)
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Cuidamo-nos, por vezes (quem se cuida), com a ponderação da ideia que de nós tenhamos, como se nos embrenhássemos numa inspecção à máquina mental que nos traz de pé, nos empurra, nos dá de comer e de beber, nos presenteia com mimos de índole multivária, e nos impõe aquele mínimo de normas comportamentais, cujo não cumprimento se traduziria em catástrofe de impensável amplitude.
Sopesamos então, com alguma honestidade admitamos –, aquilo que por desfastio se designa por defeitos e qualidades, tudo tentando para que nenhum dos dois pesos orçados esmague o outro e logo se afirme como imperativo no esboço de auto-retrato.
Conseguimos mesmo admitir, de dentro para dentro, sem testemunhas nem secretismo de escutas, quanta malevolência e quantas aberrações e quantos vícios daninhos sejam em nós residentes, hóspedes antigos, sem registo de entrada nem saída previsível.
Somos capazes, inclusive, de denegrir em excesso a imagem com que em qualquer parte nos façamos representar, antevendo situações cujo desenlace final, horripilante, nos teria como protagonistas, agentes do mal por contrato assinado na própria pele, facínoras sem ascendência humanóide garantida.
Valer-nos-á a quase certeza de que em nós também subsiste um lado bom, se bem que sujeito à erosão da hipocrisia, quantas vezes tomada como caminho de sentido único, aquele onde estivermos, para que de nós não nos esqueçamos na hora do prémio.
Cuidemo-nos, pois (quem se cuide), em não ponderar de mais.