http://photos1.blogger.com/blogger/4837/2733/1600/moi4.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

PRESO AO MEU MAIOR AMIGO PELA TRELA DO PASSEIO MATINAL DE CADA DIA

Possui-me uma melancolia já um tanto comparável à pieguice. O que muito me chateia. De quando em quando, conclui-se que, dentro de nós na cisterna íntima onde conservamos as lágrimas vertidas, antes que se evaporem e se esqueçam, e as que pensemos verter em futuras enxurradas vivenciais –, se guarda uma quase infinita reserva de água salgada, qual oceano sem qualquer possibilidade de se ver delimitado por mapas, tantas serão as correntes opostas à rota em que almejemos navegar, a nado ou de bote, e chegar a bom porto.
A solidão dói, é um facto. Mas dói menos que a injustiça de quem de nós se valeu e hoje nos cospe o nome, nos renega a relembrança, nos condena a que nos metamos e escondamos nos confins de quem bem sabemos que somos, bem ou mal, perto ou a perder de vista de quem mais sonhámos ser e de que nem sombra sejamos.
Também há os casos menores, em que um simples desentendimento ganha asas e evolui com o vento dominante na ocasião. E se toca, ao de leve que seja, no melindre penugento da sobredita injustiça, nada mais haverá a invocar no intuito de consertar os estragos. E o que era formoso, empalidece. O que era honesto, envilece. O que era ardente, empobrece e desaparece no ar, que nem cometa sem cauda ou sequer núcleo e cabeleira com direito a órbita na memória.
Insisto, no entanto, em que é quase pieguice esta minha melancolia.