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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

SOBRE A ROTA DA SEDA, POR TERRA, PELO AR E PELO MAR

O meu estado anímico actual será o de larva que começa a entretecer os primeiros fios para formar o seu casulo final. E digo final porque à crisálida, neste meu caso, não se seguirá a devolução ao ar livre como lepidóptero com manias, ainda e sempre, de voar de flor em flor. Não faço a mínima ideia, ninguém fará, daquilo que em nós, porque seres conscientes, se virá a processar depois de encerrado o casulo.
A noção de infinitude―para não dizer imortalidade, palavra de dúbio sentido pelo mau uso que dela se fez, se faz e se continuará a fazer nos próximos rebanhos de mortais desde a nascença―, noção aquela que nos decalca os passos desde que nos descobrimos em nós, também se nos virá desintegrando, partícula a partícula, consoante se desintegra este corpo em que nos transportamos. E quanto mais se aproxima o micronésimo sílex inverso, que há-de determinar o momento exacto da implosão das ideias de imunidade ao abate, mais a apetência por tal momento parece instalar-se em nós, lançando-nos o repto de lhe darmos razão de ser e oportunidade de se revelar.
Deixando em paz e sossego o ourives e barqueiro Gil Vicente, com as barcas todas que ele construiu e pôs a navegar por aí, lembremo-nos do provérbio que diz que “quem fala no barco quer embarcar”. Como neste meu caso não se processará a devolução ao ar livre de nenhum lepidóptero com manias, ainda e sempre, de voar de flor em flor, não será prudente aguardar, no mínimo, que a maré baixe? Quem sabe se não se poderá atravessar a pé, mesmo que com água pelo pescoço ou mais acima, desde este lado de cá até ao outro.