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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

domingo, 11 de outubro de 2009

GUIÃES, ENTRE A CIDADE E AS SERRAS QUE O EÇA CALCORREOU (II)

Eis um som que a cidade já se esqueceu de ouvir — disse-me eu, como lembrete ou beliscão dado por mim a mim outro de cuja estatura mal sei, ao dar com ele estupefacto pelo cacarejo de uma galinha, impante e animada pelo dever cumprido, acometendo a gritaria de publicitar a façanha, de sua competência, de pôr um ovo. Alguém, horas antes, lhe terá apalpado o cujo e sorrido após a revelação feita pelo dedo, médio ou indicador, os mais treinados no abuso de ancestral complacência a dividir entre fornecedor e fornecido. Entretanto, também pode dar-se a pontaria de aquele ovo promotor de tamanha algazarra, cumprindo afinal a sua função primeira, estar galado, nem mais, e assim se furtar à inquisitorial execução na frigideira e à quase instantânea deglutição entre mandíbulas sempre esfaimadas por vício. E isto, sim, o som dos maxilares mancomunados como trituradores a compasso, é que é um som que a cidade nunca se esquecerá de ouvir. Nem o eu outro, gordo e abstracto em relação ao teor poético da cantoria propagandista, que não à poesia emanante do estrugido na sertã. E uma sopinha de pão a mergulhar na gema, para a aproveitar na íntegra, não permitindo que a mínima gota escorra pelos beiços e venha a sucumbir, se a língua já não for a tempo, no guardanapo das costas da mão?