http://photos1.blogger.com/blogger/4837/2733/1600/moi4.jpg
A minha foto
Nome:
Localização: Coimbra, Portugal

PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

EM MARCHA CONTRA AO CONTRÁRIO OU A IR ÀS ARRECUAS PARA A FRENTE

A estrada sobe. Ou melhor, não sobe. Faz subir. Sobe-a quem por ela suba, se o rumo em mente por aqui passar. E o rumo ainda se oculta por detrás do pano da incógnita. Fazê-lo subir à cena, para já, talvez se revelasse prematuro, porquanto muito de muito mais importante também aguarda a deixa para que se pronuncie. E os bastidores nem são senão o lugar último de onde não seja arriscado saltar para a luz da ribalta sem o papel a desempenhar bem decorado, bem encenado, imune à tragicomédia dos tremeliques.
Em ambas as margens da estrada, embora nunca autorizando que as respectivas raízes se movam do berço sequer um milímetro solidário, as árvores acompanham a subida, ou a descida, de quantos por estas bandas naveguem à bolina, indiferentes ao esbanjamento dos passos dados a mais por mau governo ou desmazelo. Delas é o reconforto de sombras amoráveis e de fresquidão, enquanto se comprometem a ser palco universal da passarada obediente ao prescrito pela pauta e pela batuta naturais, que não ao chumbo crítico de qualquer vagabundo a armar-se em feitor da quinta.
Chegada ao cume, a estrada, que apenas com a translação e a rotação terrestres se teria movimentado, ninguém mais subirá. A não ser que usufrua dessa incomum prerrogativa de ter asas plantadas no lombo desde a nascença. Anjos, a havê-los, só após a morte e se se for para o céu. Que está às moscas —, dizem.