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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

domingo, 12 de novembro de 2006

TEMPO DE SECA E OFICINA EM SERVIÇO PERMANENTE DE DESCONSERTO GRADUAL

A torneira não cede. Nem um pingo. Ainda que lhe abra a goela até ao cu, nem um simulacro de vapor se lhe aspira. E os bocejos, como se a pele da face me requisitasse ferro e tábua de engomar, também não me ajudarão grande coisa. O problema há-de ser lá dentro – penso eu, armado em canalizador remendão, sem chave de bocas nem vocação atestada –, na alma do cano. Milagres não há. Logo, de onde não haja armazenamento prévio, não será lógico aguardar que saia substância. Seja ela qual for, água ou vinho, tretas ou música.
Voltemos a outra hora. Ou intitulemo-nos picheleiros com diploma e ferramenta em conformidade, e atrevamo-nos ao ataque, não suceda entrar ar nas tubagens e rebentar a caldeira. Depois é que nunca mais haverá conserto possível. E mesmo que troque a velha por uma nova, nada do que lá não esteja se fará pingar pela torneira.
A sede prevalece, no entanto. Há que dominá-la, primeiro, e largá-la pela calada à aventura, para que no regresso ela traga alguma peça de caça nos dentes. As leis da sobrevivência a tanto obrigam. O restante a considerar, devido à hora adiantada, é matéria avulsa, sem préstimo que valha o esforço da sofreguidão controlada desde o clarim inicial, qualquer que seja o timbre, seja qual for a potência de sopro.