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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

TRAGICOMÉDIA DA DOR A ESTREAR DENTRO EM BREVE

É incómoda, insidiosa, passível de nos confundir o sentido da atitude a incutir ao pensamento, porque reveladora do medo ante a eventual transparência da nossa impostura, a sensação experimentada quando se fala com alguém ciente de que irá morrer daí a nada. É na verdade aflitivo olhar a aflição daqueles olhos que se nos agarram como lapas à penedia. É confrangedor nem imaginarmos sequer quais as palavras cujas arestas de vidro não façam sangrar o ouvido. É patética a noção de que a vitalidade por nós demonstrada pode provocar sofrimento a quem em si já não a sinta. É demolidor o escárnio da injustiça de ver consumar-se, momento a momento, o incontornável. E até chegará a ser macabro que a imaginação nos anteponha a ruína daquelas mãos que nos gritam ao apertar-nos as mãos, para nem falar das tais lapas agarradas à penedia dos nossos olhos, que nem olhos moribundos.
Dói muito que um amigo se vá sem que nós saibamos, pelo menos, se o soubemos merecer.