DE DÉDALO, MEU PAI, ATÉ MEU PAI DANIEL
Acordei hoje muito profundamente triste. De vez em quando, sem que os reais motivos variem de tonalidade, acontece. É como se de repente me encontrasse à beira do salto no abismo que me espera algures, um dia, e não me sentisse ainda preparado para tanto.
Não temo a morte. Desde há muito. Só temo que ela me apareça e me leve sem aviso. Sem que seja eu a dizer-lhe qual o momento exacto de me pôr asas no lombo e me mostrar o espaço onde voar. Ícaro, ainda e sempre, sempre acima de quaisquer muralhas labirínticas antepostas por mim ou por outrem.
Um dia será, já o disse. Não hoje. Uma viagem requer aquela alegria íntima que suscite a expectativa, que esprema o imaginário, que goze o gozo da incógnita, que se ouça e veja antes de se ver e ouvir.
E eu hoje acordei triste de mais para viajar. E ainda não tenho, como também já disse, a mala pronta.
Não temo a morte. Desde há muito. Só temo que ela me apareça e me leve sem aviso. Sem que seja eu a dizer-lhe qual o momento exacto de me pôr asas no lombo e me mostrar o espaço onde voar. Ícaro, ainda e sempre, sempre acima de quaisquer muralhas labirínticas antepostas por mim ou por outrem.
Um dia será, já o disse. Não hoje. Uma viagem requer aquela alegria íntima que suscite a expectativa, que esprema o imaginário, que goze o gozo da incógnita, que se ouça e veja antes de se ver e ouvir.
E eu hoje acordei triste de mais para viajar. E ainda não tenho, como também já disse, a mala pronta.
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