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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A COMEÇAR E A SOÇOBRAR À BORDA D'ÁGUA COM LISURA DE CARRIS PELO MEIO

A ruína física, com as demais atreladas em comboio sem previsão de paragens até ao término da linha, faz de locomotiva fumarenta, serra acima serra abaixo. E não dando um segundo de tréguas ao fogueiro, aumenta a velocidade da marcha a cada momento, ainda que a lenha ao dispor já escasseie, ainda que a fornalha esmoreça, e dela, além da inútil estridência dos silvos, só o fumo lhe acuda, à ruína, e não como cortinado de janela, mas mortalha.
Diz a sapiência pela experiência decantada que nada de nada valerão quaisquer esforços no intuito de alterar o sentido, porque inexorável, do andamento. Nem de lhe reduzir a celeridade. Ou de lhe ignorar os efeitos, fazendo de conta que ninguém sequer pensara em viajar, pois ninguém para tanto tirou bilhete na gare de embarque.
Andar em viagem, assim, sem a flagelação dos horários de partidas e chegadas, bagagens declaradas ou a declarar e clamor de altifalantes, ou seja apenas nesta variante de doméstica lonjura, na rota de tantos livros já lidos e relidos, e tantos mais mas tantos a já não ler por falta de tempo em vida, é positivo, salutar e bem menos arriscado. Viajar é dar balanço aos passos para que nunca se apeiem do sonho de serem asas, rente ao fim ou muito antes. Mesmo que a viagem nem prossiga adiante do espaço definível pela sombra caída aos pés. Mesmo que se acabe no preciso instante de içar âncoras e zarpar. Um dia.