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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

sexta-feira, 6 de março de 2009

CONFIDÊNCIA DIANTE DO ESPELHO MATINAL À ESPERA DE VAPOR QUE O EMBACIE

Na mais bruta das pedras pode acontecer a mais bela das obras. Haja maço e haja escopros a apressar o desbaste. Haja cinzéis a adoçar e a encaminhar as arestas. E, sobretudo, haja mãos com olhos dentro, ou olhos com mãos à vista, para que o arreganho dê fruto e num suspiro de arrebatamento se ausculte a satisfação. E haja esmero e altivez de mestre (e não modéstia imodesta ou sopesada conforme quem esteja a bater-lhe à porta) na amostragem final da obra que dele sempre se dirá, por muito que o ouro a avilte e torne sua.
No mais imundo valhacouto se pode engastar a mais conseguida das peças literárias. Desde o poema sem outra vestimenta que a do gesto mental, ao mais apaixonado dos ensaios romanescos, onde a indúvia metafórica até seja apetecida pela nudez dos iletrados. Haja material vívido à disposição do imaginário, e o imagético textual aparecerá ao correr da pena, proveniente dos confins do nada, como fluído volátil e ocasional, autêntico, não elaborado.
Também a mais desenxabida experiência de vida pode resultar como a mais emocionante das existências. É tal-qualmente esse o corolário do ímpeto (e do arrojo) de se ter um filho. Ou deveria ser.