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PINTOR, POETA E CANTOR, OU FAZEDOR DE COISAS LINDAS COM AS DUAS MÃOS E NÃO SÓ.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

OUTUBRO MEANTE E O SOL DE RACHAR PEDRAS NÃO DESISTE

São dez e quarenta da manhã. Amanheceu limpo e solarengo o dia de hoje. Mais estiento que outoniço. Árvores e pássaros dão-se as mãos no pesado ofício de surribar o pensamento, à sorrelfa de o trazer das profundezas e pôr ao léu. Despido de andrajos, ainda que descalço, e bem lavado, desde o cocoruto onde se transporta o boné às partes baixas e aos recônditos a nunca desenterrar, afirmar-se-á em perfeitas condições para que a atitude dita de criação dê sinais. Eis um morto a pedir meças, por teimosia, à sua ausência em vida.
Ninguém lhe peça contas. Ninguém contas lhe preste. Nunca a ele recorra quem o não confesse como sua parte. Apenas os pássaros e as árvores alguém o disse antes se dão as mãos nessa apoucada função de esbouçar o pensamento, tirando-o das silvas, dos cardos, das fossas de trampa para a luz do dia, que hoje amanheceu menos outoniço que estiento, solarengo e limpo de dar vista aos cegos.
Lavemos a boca, pois, que o sol não merece que se pronuncie o palavrão trampa. Antes merda.