EM TREJEITO DE TOADA À DEBANDADA NUM QUASE NADA DE TUDO
Está na hora de ir embora. De abalar até à brutidão dos dias a descontar, sem recibo, nas contas finais. Assim se cumpra o desígnio dos introrsos (como eu), quando compelidos a bater em retirada da caverna de si mesmos, seja ou não através do próprio umbigo, porta única. E porque a tripa mental a tanto induz, já urge o instante de voltar aqui, onde o tempo parado não parece doer tanto. Ainda se ele parasse deveras, alheio à marcha da vida e aos seus mistérios, e se aliasse à mornidão destes sítios e de quem neles se creia em movimento. Só que não pára. Sequer um segundo. E talvez por isso a chuva sirva de desculpa à medida. Amanhã, quando aninhado na cela de quilómetros sobre quilómetros de distância física, dir-me-ei que não, coisa nenhuma. Que nunca a chuva carregaria, sem preço a pagar em géneros, as culpas deste abandono aos ratos da opacidade cerebral de tais ensejos de luz e transparência e consequente exaltação em obra alguma.
Deveras importante é ter consciência de ter os pés no chão e a cabeça a preguiçar na outra ponta. Chova ou não chova.
Deveras importante é ter consciência de ter os pés no chão e a cabeça a preguiçar na outra ponta. Chova ou não chova.
(Guiães, 30-09-2007)
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